quarta-feira, 20 de julho de 2011

ECUMENISMO E SINCRETISMO

Imagine uma dona de casa que fizesse uma sopa com verduras das quais ouviu falar, mas que não conhece. A sopa pode até sair com razoável sabor, mas as chances são de que saia com gosto no mínimo esquisito. Na base do ecumenismo está a atitude e o gesto de respeito pelas outras religiões. Não temos que concordar, mas temos que respeitar. O sincretismo, porém, leva ao desrespeito: é lidar com imagens e símbolos e doutrinas de outras religiões e misturá-las com elementos da nossa religião sem respeitar nem uma nem outra. Há o desrespeito para com a outra religião, cujos símbolos estamos usando de maneira errada e para com a nossa própria religião, na qual introduzimos símbolos que não têm nada a ver com o nosso modo de encarar a vida(...)

Uma coisa é o ecumenismo: respeitar a sopa e o gosto do outro; outra é o sincretismo: misturo a sopa dele e a minha e o que der, a gente assume! Uma coisa é respeitar a fé do outro, outra é adotá-la e misturar tudo no nosso culto para agradar quem veio. Nem eles gostam nem nós gostaríamos que misturassem as coisas. Por isso, o bispo reagiu contra o religioso de outro grupo que, querendo acolher os católicos, soprou baforadas de charuto sobre um cálice. Era sincretismo. Não é conveniente nem do nosso lado, nem do deles. Mas diálogo e respeito, isto sim! Orar juntos faz bem. Já o fizemos em encontros ecumênicos, onde um ouve e acolhe a prece do outro. Mas misturar gestos e objetos de cultos é mais do que orar junto.

Cuidado com tais misturas. Para qualquer mescla dar certo é preciso critério. Remédios, bebidas, comida não podem ser misturados ao bel prazer de qualquer pessoa ou grupo. Dá-se o mesmo com a fé. Cantar os cantos de outra igreja num culto é até possível, desde que as palavras não neguem o que cremos. Usar vestes de outros cultos é desrespeito a quem as usava primeiro. Usar expressões de outra igreja e com ela derrubar um conceito é no mínimo, provocação. Propor a Novena da Sagrada família que os católicos já praticam há séculos e usá-la, não para exaltar Jesus Maria e José e, sim, para chamar um casal para a Igreja é um tipo de pseudo-sincretismo: usa o termo, mas não no seu sentido original. Assim com os óleos, águas bentas e outros objetos de culto. Nem nós devemos desrespeitar o que é caro aos outros nem eles o que é caro a nós.

O respeito a nós mesmos e aos outros exige identidade. Não se cola pétalas de rosas numa orquídea, mas pode-se juntar ambas num buquê. O sincretismo não une: descaracteriza!

FONTE:  Pe. Zezinho, scj

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